sábado, 5 de fevereiro de 2011

Dia  02 de fevereiro
Dia do mar!

Síndrome do Cu

Dedico este documento a todos os cozinheiros que sofrem desta terrível síndrome.
De que se trata?
Se trata de uma reação em cadeia. Assim que um superior na cozinha se enfeza com qualquer coisa, ele vai logo enrabar aquele que está abaixo do seu comando. No caso o segundo chef. Que em conseqüência, vai logo enrabar qualquer um que esteja mais próximo. Se a enrabada do comandante é forte, ela vem aumentada para o segundo evento. E assim vai, até chegar no ultimo pedaço de nada que toma uma abóbora grande inteira lá.
As vezes acontece que a seqüência é quebrada, e ao invés de carcada surgem pedidos estranhos e ordens sem pé nem cabeça!

Não é por mal, mas acontece. Inconscientemente na maior parte.

Muito bonito Zé! Muito bonito. O seu vizinho já deu falta do cabrito.
Você falou que ia dar uma peixada, bateu para a rapaziada que ninguém poderia faltar. Ninguém faltou, mas ao invés de peixe comeram cabrito. E foi nessa que a rapaziada está toda intimada a baixar no distrito!!

Eu estou pensando nela...
PAZ IRMÃOS!!!




Dia 03 de fevereiro

Ragusa – Sicilia

Tomo guaraná, suco de caju e goiabada para a sobremesa.

Relatos de uma primeira vez

Tudo em primeiro, primeira ou ao menos segundinha. Aqui é tudo primeiro. Eu quero aquela primeira. Quero a segunda e não sei onde foi parar a terceira que ainda não chegou. Saudades e sonhos. Coisas que já passaram e coisas que eu gostaria que tivessem passado. O sol me ajuda, a musica me ajuda, mas os italianos não.
Quero voltar para onde me querem bem.
Seja lá onde for. Depois do meu ultimo contato eu pensava que seria fácil como sempre foi. Mas eu não estou em casa. Eu não estou onde já foi fácil dimenticar. Estou num ambiente que me faz lembrar, e até estar junto em alguns casos. Presença insignificante. Será? Será que aquilo que eu ouvi era verdade? Será que era isso que eles queriam? Um jovem dizendo qualquer coisa só para acabar logo com aquilo e a pérola negra ali digital dizendo qualquer coisa que não lembro, ou não quero. Conversa? Aquilo não, aquilo foi um tiro seco. Seco no escuro. Eu me lembro certinho do que eu queria e do que eu não queria. E também me lembro do que para mim não faria diferença. Isso era parte do que não importava.
Agora eu entendo um dos mandamentos da bíblia! Vejam como a vida revela aquilo que esta escrito no livro sagrado.

Quero sempre mais e mais e mais, talvez seja esse meu problema, ou minha salvação!
Creio eu que está é a minha salvação.

Agora voltando ao assunto dos mistérios da cozinha, Lembrei-me que esqueci de tudo. Uma tentativa de conversa hoje com o chef virou motivo para um belo tapa no pé do ouvido. Técnico é claro.
Enquanto eu escrevo alguma coisa acontece com aqueles cozinheiros. Alguma coisa que não me parece boa. Não sei se é a falta de movimento que cria tensão ou se é o simples fato de que aquela cozinha está já um pouco estagnada. Me parece que não, mas eu sinto que é por ai. Novas técnicas e mudanças nas receitas acontecem quase que diariamente. A palavra é ``melhoramentos`` e isso realmente me fascina. O chef entra na cozinha diz para qualquer um o que ele precisa (provavelmente o que ele viu no sonho dele) e em poucos segundos, tudo que ele quer está pronto em cima da bancada. Ele nem tira a blusa de cima do avental e com o cachicol ainda no pescoço mistura uma coisa aqui, espreme um limão ali e depois com algumas ordens se retira e vai sentar para degustar aquela experimentação que é finalizada pelo responsável.
Existe um local naquela cozinha que se chama Passagem. E é ali que os pedidos são empratados e ali onde que o chef faz o controle, e é dali que saem os xingos e comes diversos. Ontem o Luigi estava a preparar um antipasto que é servido em uma espécie de xícara. O pure de batata que deveria ser bem cremoso e lúcido, estava um pouco duro e sem gordura. O chef ficou muito bravo e deu um arregaço ali na passagem.
Eu estava pensando em fazer um discurso na hora do almoço em que todos se sentam juntos para comer. Ali iria dizer algo que me daria muita satisfação poder dizer.
Seria mais ou menos assim: ``Eu estou muito feliz por estar aqui com vocês, e agradeço por estarem me ensinando tudo sobre está cozinha. É uma satisfação muito grande. Desde que eu era pequeno eu já dizia para minha mãe que iria vir para a Itália para aprender sobre a culinária italiana e agora que estou aqui, é um sonho que se torna realidade. Muito obrigado a todos, eu sou muito agradecido.``
Mais ou menos por ai.
Porém não consigo dizer. Não sei por que, normalmente seria normal, e não teria problema em dizer qualquer coisa que fosse. Eu não tenho problema em fazer nada e nem dizer nada. Sempre calculando as conseqüências. E mesmo sabendo que não haveria más conseqüências, pelo contrário, seriam boas, penso, não consigo dizer. Talvez porque não tem sido como eu esperava. O calor do povo do sul se torna um pouco um preconceito. ``Estrangeiro, você não fala, você fica quieto``
Eu devo ter tratado qualquer estrangeiro no Brasil mal para ser tratado assim.
Tudo bem, eu não me importo muito. Sempre seguindo eu vou. Eu vou, eu vou, para a casa agora eu vou!

Amor! E paz!



Dia 4 de fevereiro

Sempre no mesmo lugar.
Haverá um dia em que essa grosseria vai acabar!
Este dia será um dia de glória. O dia em que as pessoas tomam porres de bom humor e educação. Eu quero estar lá para ver, e quero participar ajudando os que querem entrar para a glória da conversa sem gritos e palavras feias, e com tudo com muita calma.
O que seria melhor? Fazer rápido e mostrar serviço, porém produzindo com baixa qualidade. Ou fazer com mais concentração e qualidade, porém perdendo mais tempo?
Meio termo não existe.
Eu prefiro fazer bem feito, mesmo que tome muito tempo.
Desde que eu cheguei em Ragusa e comecei a trabalhar no Duomo, não passou  um dia sequer que eu não lavei o fogão. Duas vezes por dia. Faz parte, eu sei, e faço sem reclamar. Agora hoje que eu cortei 3000 fios de spaguete a mão, não deu tempo de voltar para a cozinha e ajudar na limpeza. Ai já virou motivo de retaliação. ``Porra, 3kgs de massa não é nada... Porque você ta ai desde de manha e ainda não terminou essa merda... caraleo!``
Como faz então?
Calma! Tenha calma!

``A vida em seus métodos diz: calma! Vai com calma, você vai chegar. Se existe o desespero é contra a calma, e sem ter calma nada vai encontrar. Deus pai o criador criou com calma! E em sete dias muita calma demonstrou. Vocês ai! Tão discutindo tenham calma, basta só um sorriso, ele é de aviso e vem a calma! Pois até hoje sem haver calma o desencontro paga, no corre corre e no desespero nego até se mata. Vocês ai! Tão me ouvindo? Tenham calma.``

Calma, calma, calma, calma!


Calma na partida nas oficinas e postos de gasolina. Principalmente nas maternidades, hospitais e escolas. Calma na cozinha! Calma no salão!



5 comentários:

  1. vc pode me dizer o titulo desta musica?

    - VOCÊ FALOU QUE ÍA DAR UMA PEIXADA / BATEU PARA A RAPAZIADA/ QUE NINGUÉM PODERIA FALTAR/ NINGUÉM FALTOU/ SÓ QUE EM VEZ DE PEIXE, VOCÊ DEU CABRITO/ E FOI NESSA QUE A RAPAZIADA/ TÁ TODA INTIMADA A BAIXAR NO DISTRITO. BONITO

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  2. Há muito estou procurando o título da música cujo trecho aparece no quadro acima. Agradeço a ajuda.
    Batista

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  3. Há muito procuro o título da música cujo trecho da letra aparece no quadro acima. Agradeço a ajuda.
    Anônimo

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  4. Continuo aguardando a ajuda.

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  5. agradeceria muito se conseguise o nome desta musica ou o nome do cantor ou do compositor
    marcelobragan@hotmail.com

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